18/04/2013 - 17:59 | última atualização em 18/04/2013 - 18:03

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Desembargador é homenageado em galeria de vítimas da violência

redação da Tribuninha

"Meu pai ficou espantado quando descobriu que a OAB/Niterói possuía uma galeria para homenagear advogados assassinados. Hoje, ironicamente, o nome dele está sendo incluído nesta lista", lamentou Gilza Fernandes, filha do advogado e desembargador aposentado Gilberto Fernandes, morto no dia 25 de outubro de 2012, em Icaraí, durante uma tentativa de assalto. Fernandes é o 18º nome da Galeria de Advogados Vítimas da Violência Urbana, inaugurada em 2007 pelo presidente da subseção, Antonio José Barbosa da Silva. A homenagem foi realizada nesta quarta-feira, dia 17, e teve a presença de familiares, amigos e autoridades.
 
É uma cerimônia que eu gostaria que nunca acontecesse. Mas esta é a forma que encontramos para deixar registrado na história o problema da violência na cidade
Antonio José
presidente da OAB/Niterói
"É uma cerimônia que eu gostaria que nunca acontecesse. Mas esta é a forma que encontramos para deixar registrado na história o problema da violência na cidade. Estamos descobertos. Tínhamos 1500 homens na polícia e, hoje, o efetivo não chega a 600. Esta casa homenageia os casos conhecidos de advogados vítimas da violência, mas esta é uma parcela pequena da sociedade. Espero que as autoridades façam alguma coisa para que não precisemos realizar cerimônias como esta novamente", ponderou o presidente da subseção.
 
A postura de Gilberto Fernandes, defensor das causas sociais, contrário à pena de morte e preocupado com o aumento da violência, foi ressaltada pelos amigos e família. "Tenho certeza de que meu pai já perdoou seus assassinos. Para ele, antes de culpar uma pessoa era necessário entender o que a levou a tomar tal atitude. A realidade social e a falta de estrutura familiar sempre foram apontadas por ele como as grandes causas da violência", disse, emocionada, Gilza. "Ele lutou tanto pelo fim da violência e infelizmente acabou sendo mais uma vítima desta realidade", lamentou a viúva Maria José Alves Fernandes.
 
Filho de uma família humilde, Gilberto Fernandes foi o primeiro desembargador negro no Estado do Rio. Formado pela Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ingressou na magistratura em 1964. Após se aposentar, voltou a advogar e atuou ao lado de seu sobrinho, Sérgio Fernandes, na Comissão OAB Vai à Escola da 16ª Subseção. Foi assassinado aos 79 anos. 
 
Em 16 de abril, um dia antes da cerimônia na OAB/Niterói, foi realizada a primeira audiência dos assassinos confessos do desembargador Gilberto Fernandes.
 
Além de familiares, estiveram presentes na solenidade, os desembargadores João Ziraldo, Hilário Duarte e Manoel Alberto Rêbelo dos Santos, este último ex-presidente do Tribunal de Justiça; o deputado estadual Felipe Peixoto; o secretário de governo da prefeitura de Niterói, Rivo Gianini; o vereador Bruno Lessa; o ex-secretário de governo Michel Saad; o padre Demétro Gomes, representando o Arcebispo de Niterói; entre outros.
 
Inaugurada em 2007, a galeria é um retrato da história da cidade de Niterói e homenageia nomes de colegas mortos de forma violenta, em diferentes épocas. Dentre os nomes incluídos recentemente estão o dos advogados Amilar Vieira Filho e Adhemar José Mello Reis.
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