23/10/2017 - 18:09 | última atualização em 23/10/2017 - 18:15

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Desafios da era digital norteiam debates na OAB/RJ

redação da Tribuna do Advogado

Foto: Lula Aparício   |   Clique para ampliar
A relação entre o Direito e a tecnologia foi tema de debate durante esta segunda-feira, dia 23, em evento promovido de forma conjunta pela Comissão de Relações Internacionais (CRI) e a Diretoria de Inclusão Digital. O tesoureiro da Seccional e presidente da Comissão de Prerrogativas, Luciano Bandeira, falou na mesa de abertura, destacando a importância de discutir o futuro da advocacia: “A inteligência artificial é algo que a gente precisa discutir, até para que a Ordem tenha a capacidade de regular, protegendo sempre o nosso exercício profissional”, afirmou.

O presidente da CRI, Bruno Barata, afirmou que a Seccional do Rio de Janeiro é pioneira na discussão de variados temas de relevância internacional. “Somos a única entre as seccionais brasileiras a ter se filiado ao International Bar Association, que é a maior associação de advogados do mundo, com mais de 100 mil membros registrados. E a nos filiarmos a essa associação estamos participando de um debate internacional bastante relevante”, disse. A primeira palestra do dia foi transmitida por videoconferência, sobre reflexões do MIT em relação à inteligência artificial.

Já a segunda palestra debateu se a tecnologia é um avanço ou uma ameaça à advocacia. “A nossa profissão precisa aprender a incorporar a tecnologia e a entendê-la como aliada do nosso exercício”, defendeu a diretora de inclusão digital e secretária-adjunta da OAB/RJ, Ana Amelia Menna Barreto. “Nós não temos ainda nenhuma escola de Direito que nos prepare para a tecnologia, nem temos aula de processo eletrônico na faculdade. Por isso a Ordem tem que cuidar disso, já que é uma obrigação institucional da OAB encaminhar os seus advogados. Somos 153 mil colegas ativos no Rio de Janeiro e mais de 1 milhão no Brasil. A OAB/RJ é conhecida pelo trabalho de inclusão digital e é nossa obrigação fazer o advogado entender que a tecnologia é nossa aliada”, afirmou.

Primeiro palestrante deste painel, Rodrigo Bueno reiterou que a tecnologia não pode substituir a função cognitiva do cérebro. "Naturalmente a primeira reação de todo mundo é ficar meio tenso, mas com o tempo a gente vai entendendo que a tecnologia não pode substituir o que é de essência nossa, não pode substituir a nossa capacidade de pensar e de relacionar coisas diferentes, de lidar com dados não estruturados e junta-los em informações estruturadas. A tecnologia nos ajuda, mas não é um fim em si”, disse.

O engenheiro de computação Rafael Nasser faz parte do projeto Legalite PUC-Rio, que une Direito e Tecnologia. Ele acredita que diversas atividades que o advogado realiza hoje serão substituídas pela tecnologia. “E  isso é ruim? Talvez seja maravilhoso. A gente vai deixar de fazer o que de fato não é uma tarefa mais prestigiada e mais importante para a profissão. A gente tem que começar a entender que de fato a tecnologia pode ajudar a solucionar problemas e a executar melhor nossas atividades”, defendeu.

Para o professor da FGV Eduardo Magrani é preciso entender que a tecnologia não será freada. “O desafio do Direito é o de tentar regular as novas tecnologias, não com uma postura de negação, mas tentando aproveitar o potencial delas sem cercear completamente a inovação”, afirmou. Segundo ele é importante ter em mente que a tecnologia não é mais um acessório. “A internet é a própria infraestrutura. É preciso que as políticas públicas observem e tenham entre as diretrizes um investimento em tecnologia. E isso vale também para a área jurídica, que precisa deixar de encarar a tecnologia como algo acessório e entender como crucial, já que os clientes vão demandar isso cada vez mais”, defendeu.
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