22/09/2010 - 16:06

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Conselho Federal lidera ato em defesa da Ficha Limpa

Conselho Federal lidera ato em defesa da Ficha Limpa


Do Jornal do Commercio

22/09/2010 - Mais de 40 entidades engajadas pela aplicação imediata da Lei da Ficha Limpa encaminharam ontem um manifesto ao ministro Carlos Ayres Britto, do Supremo Tribunal Federal (STF), em que defendem que a corte se posicione pela constitucionalidade da lei.

O ato, liderado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), aconteceu ontem, véspera do julgamento de um recurso do ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz (PSC), que tenta reverter decisão que o tornou inelegível. O caso que será julgado em plenário hoje à tarde é emblemático, por se tratar da primeira vez em que a Suprema Corte brasileira vai analisar a Lei da Ficha Limpa.

O resultado do julgamento de hoje servirá de parâmetro para a análise de centenas de candidaturas que foram barradas com base na nova lei, que proíbe a candidatura daqueles que foram condenados por órgãos colegiados e dos que renunciaram a mandato eletivo para escapar da cassação. Esse é o caso de Roriz, candidato ao governo do DF. O relator do recurso que será julgado hoje é o ministro Ayres Britto. Em mais de uma ocasião, ele se manifestou favorável a validade da lei já para estas eleições.

O manifesto destaca que a não aplicação da lei deixaria o País em "grave quadro de insegurança jurídica". A Lei da Ficha Limpa surgiu de um movimento de iniciativa popular que reuniu mais de 1,6 milhão de assinaturas favoráveis à norma.

"Este é o momento mais importante dos últimos dois anos, quando começamos a recolher as assinaturas para que a lei virasse uma realidade", disse Carlos Moura, diretor do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), grupo que reúne 48 entidades civis.


Defesa do povo

Em entrevista coletiva concedida na sede do Conselho Federal da OAB, o vicepresidente da CNBB, Dom Luiz Soares Vieira, fez um apelo aos ministros do STF para que pensem no povo brasileiro ao julgar a constitucionalidade da lei. "O povo brasileiro precisa ter uma defesa contra essas pessoas (políticos fichas sujas).

Se eu fosse ministro do Supremo, eu pensaria no nosso povo. Não se trata de condenar, mas de deixar pessoas de lado em defesa de nossa sociedade", destacou.

O presidente da OAB, Ophir Cavalcante, lembrou que a lei foi aprovada sem nenhum veto do Poder Executivo e, depois de contestada, teve a sua aplicação garantida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele destacou também que o argumento de que a lei estaria retroagindo para prejudicar não faz sentido, pois a inelegibilidade "não constitui pena", mas é uma condição estabelecida para os registros de candidatura.

"O Ficha Limpa é hoje uma realidade de Norte a Sul desse país, em todas as classes sociais.

Sempre tivemos a convicção de que a lei é constitucional e que ela pode ser aplicada neste ano.

Qualquer resposta dada pelo STF contra a Lei da Ficha Limpa será inegavelmente uma frustração para a Nação brasileira", avaliou o presidente da OAB.

Para Ophir, uma resposta do Supremo que mantenha indeferida a candidatura dos fichas sujas mostrará que o Brasil respeita os princípios da moralidade e da probidade, condições que, segundo ele, são fundamentais para uma "República séria, que tenha ética na política".

"Não tenho dúvida de que o STF apontará no mesmo caminho da nação brasileira. O caminho da seriedade, da ética e do respeito a Constituição. A lei é, sim, constitucional." O presidente da Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conanp), César Mattar, acredita que o STF vai decidir pela validade da lei.

"Houve uma luta quase inglória para que essa lei fosse aprovada no Congresso, e essa luta não pode ser jogada na lata de lixo.

O Supremo fará valer a lei maior e a vontade da sociedade".

Já Mozart Valadares, presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), acredita que o STF não irá frustrar o povo. "Temos a expectativa de que o Judiciário não frustrará a nação". Por sua vez, Antonio Carlos Bigonha, presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), destacou: "Nenhum movimento terá efeito se o eleitor não tiver consciência em seu voto".

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