O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu na noite de ontem que foi irregular concurso de juiz realizado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo e determinou nova prova oral para 146 candidatos que haviam sido reprovados. Praticamente todos os integrantes do conselho reconheceram a existência de graves problemas, entre eles entrevistas fechadas com os candidatos nas quais foram realizadas diversas perguntas subjetivas. A senhora está grávida? Não acha que já começaria a carreira como um estorvo para o Poder Judiciário? Qual a sua religião?Como é sua família? Tem bases sólidas? Perguntas feitas pelo TJ a candidatos Segundo informações enviadas ao CNJ por candidatos reprovados, eles foram alvos de perguntas do tipo: "A senhora está grávida? Não acha que já começaria a carreira como um estorvo para o Poder Judiciário?"; "Qual a sua religião?"; ou "Como é sua família? Tem bases sólidas?". A maioria dos conselheiros, no entanto, entendeu que os vícios não poderiam prejudicar outros 70 candidatos que, mesmo com todos os problemas, foram aprovados. De acordo com o Conselho, quem foi aprovado deve ser imediatamente empossado. O concurso, cuja fase de provas orais foi realizada no início do ano, estava suspenso desde maio e não chegou a ser homologado. O presidente do CNJ, Carlos Ayres Britto, fez um duro voto, argumentando que ficou "mal impressionado com o número de vícios" que encontrou no concurso. Ele comparou a entrevista pessoal a uma prova psicotécnica, "tão apreciada por regimes de exceção". "É preciso salvar o examinador de si mesmo, para que ele não tenha a possibilidade de expressar suas simpatias e antipatias. Esse concurso turbinou a subjetividade." O TJ-SP negou irregularidade no concurso e disse que as perguntas questionadas pelos candidatos não contaram para a nota.