01/04/2013 - 15:26 | última atualização em 02/04/2013 - 17:51

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Comissão da Verdade investiga elos entre bombas na OAB e no Riocentro

site da BBC Brasil

Na tarde do último dia 7 de março, a notícia de que uma bomba havia explodido na sede da OAB no Rio de Janeiro reavivou velhos fantasmas.
 
Pouco mais de 30 anos antes, no dia 27 de agosto de 1980, a explosão de uma carta-bomba endereçada ao então presidente da Ordem, Eduardo Seabra Fagundes, acabou por matar a secretária Lyda Monteiro da Silva, em um episódio ainda não esclarecido totalmente, mas que é interpretado como uma reação de alguns setores à atuação da OAB no combate à ditadura.
 
Apesar da lembrança, a explosão do mês passado foi causada por um artefato menor, conhecido popularmente como "cabeção de nego", e não deixou feridos ou prejuízos materiais.
 
Mesmo assim, a ligação entre os dois episódios não está totalmente descartada. Informações recebidas pelo Disque Denúncia naquele dia davam conta de que o ex-presidente da OAB/RJ, Wadih Damous, seria alvo de um atentado praticado por militares da reserva.
 
Formado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Wadih foi presidente OAB/RJ entre 2007 e 2012. Mestre em Direito Constitucional pela PUC-RJ, ele foi confirmado pelo governador Sergio Cabral como presidente da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro, que vai atuar em parceria com a Comissão Nacional da Verdade para investigar crimes cometidos por agentes da ditadura no Estado.
 
Em conversa com a BBC Brasil, Wadih explicou como será o trabalho da Comissão do Rio, que contará com outros seis integrantes e está em vias de instalação.
 
Segundo ele, entre os pontos a serem investigados estão as possíveis ligações entre a explosão de 1980 na OAB e o atentado do Riocentro, ocorrido em 30 de abril de 1981 e que teria sido uma tentativa frustrada de setores militares para desestabilizar o processo de abertura política. Na ocasião, a bomba que seria usada no atentado acabou vitimando dois de seus autores, matando o sargento Guilherme Pereira do Rosário e ferindo o então capitão Wilson Dias Machado.
 
Segundo Wadih, há indícios de que os dois episódios tenham tido ligações "em termos de autoria e articulação de mando".
 
Além disso, a Comissão da Verdade do Rio deve investigar outros episódios marcantes do período, como o desaparecimento do ex-deputado Rubens Paiva e a ligação entre empresários e o regime militar.
 
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