A Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária (CDHAJ) da Seccional se manifestou, por meio de nota oficial, contra a destruição do memorial às vítimas da Chacina do Jacarezinho, promovida por agentes da 25ª DP (Engenho Novo) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), na última quarta-feira, dia 11.O memorial foi inaugurado no último dia 6, quando se completou um ano da ação que deixou 28 mortos na comunidade, na Zona Norte do Rio. Nesta quinta-feira, 12, o Observatório Cidade Integrada, que reúne entidades de defesa dos direitos humanos, também criticou a demolição do memorial, que foi destruído com golpes de marretas e com o uso de um veículo blindado da Core.Em nota, a Secretaria de Polícia Civil informou que o memorial foi retirado por fazer "apologia ao tráfico de drogas, uma vez que os 27 mortos tinham passagens pela polícia e envolvimento comprovado com atividades criminosas". A polícia alega ainda que "a construção do mesmo não tinha autorização da Prefeitura do Rio de Janeiro", e que a menção ao policial civil André Frias, assassinado na ação, "foi negada pela esposa do policial assassinado e tampouco teve autorização da família do agente".Confira abaixo a nota da CDHAJ: Nota oficial A Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional do Rio de Janeiro vem a público manifestar repúdio à destruição do memorial às vítimas da Chacina do Jacarezinho, ocorrida no dia 11 de maio de 2022.O memorial surge de uma ação coletiva local, lembrando as vítimas da mais mortal operação registrada pela polícia do Rio de Janeiro. Em 6 de maio de 2021 foram mortas 28 pessoas na operação comandada pela Polícia Civil na favela do Jacarezinho. Posteriormente, houve o arquivamento de 24 inquéritos que apuravam as circunstâncias dessas mortes.O memorial propunha a crítica sobre o motivo de tantas pessoas morrerem, ao mesmo tempo em que reafirmava a obrigação do Estado na proteção do direito à vida e do devido processo legal.Ignorar este fato e classificá-lo como apologia ao crime são iniciativas incompatíveis com o Estado democrático de Direito .A Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária da OABRJ repudia este ato de destruição da memória da maior chacina ocorrida em nosso Estado e se solidariza com os familiares das vítimas. Rio de Janeiro, 12 de maio de 2022Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária da OABRJ