12/05/2022 - 18:21 | última atualização em 12/05/2022 - 18:21

COMPARTILHE

Comissão repudia destruição de memorial no Jacarezinho

Espaço destruído pela Polícia Civil lembrava mortos em operação em 2021

Felipe Benjamin

A Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária (CDHAJ) da Seccional se manifestou, por meio de nota oficial, contra a destruição do memorial às vítimas da Chacina do Jacarezinho, promovida por agentes da 25ª DP (Engenho Novo) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), na última quarta-feira, dia 11.

O memorial foi inaugurado no último dia 6, quando se completou um ano da ação que deixou 28 mortos na comunidade, na Zona Norte do Rio. Nesta quinta-feira, 12, o Observatório Cidade Integrada, que reúne entidades de defesa dos direitos humanos, também criticou a demolição do memorial, que foi destruído com golpes de marretas e com o uso de um veículo blindado da Core.

Em nota, a Secretaria de Polícia Civil informou que o memorial foi retirado por fazer "apologia ao tráfico de drogas, uma vez que os 27 mortos tinham passagens pela polícia e envolvimento comprovado com atividades criminosas". A polícia alega ainda que "a construção do mesmo não tinha autorização da Prefeitura do Rio de Janeiro", e que a menção ao policial civil André Frias, assassinado na ação, "foi negada pela esposa do policial assassinado e tampouco teve autorização da família do agente".

Confira abaixo a nota da CDHAJ:

Nota oficial

A Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional do Rio de Janeiro vem a público manifestar repúdio à destruição do memorial às vítimas da Chacina do Jacarezinho, ocorrida no dia 11 de maio de 2022.

O memorial surge de uma ação coletiva local, lembrando as vítimas da mais mortal operação registrada pela polícia do Rio de Janeiro. Em 6 de maio de 2021 foram mortas 28 pessoas na operação comandada pela Polícia Civil na favela do Jacarezinho. Posteriormente, houve o arquivamento de 24 inquéritos que apuravam as circunstâncias dessas mortes.

O memorial propunha a crítica sobre o motivo de tantas pessoas morrerem, ao mesmo tempo em que reafirmava a obrigação do Estado na proteção do direito à vida e do devido processo legal.

Ignorar este fato e classificá-lo como apologia ao crime são iniciativas incompatíveis com o Estado democrático de Direito .

A Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária da OABRJ repudia este ato de destruição da memória da maior chacina ocorrida em nosso Estado e se solidariza com os familiares das vítimas.

Rio de Janeiro, 12 de maio de 2022
Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária da OABRJ

Abrir WhatsApp