03/11/2015 - 10:45 | última atualização em 03/11/2015 - 14:41

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Comissão da OAB/RJ defende penas mais duras contra o racismo

jornal Extra

"Cabelo de esfregão". "Já voltou pra senzala?". Esses foram alguns dos comentário racistas publicados no perfil da da atriz Taís Araújo, de 36 anos, em uma rede social, no sábado à noite, que serão investigados pela Delegacia de Repressão a Crimes de Informátiva (DRCI). Após se deparar com os ataques, Taís reagiu escrevendo um desabafo, o que desencadeou uma onda de postagens em sua defesa. Na tarde de ontem, mais de 300 mil pessoas haviam curtido a publicação da atriz no Facebook.

Em nota, a DRCI informou que o delegado Ronaldo Oliveira, diretor do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE), após tomar conhecimento do fato, determinou a instauração de um inquérito para apurar o crime de racismo. A atriz será ouvida e os autores identificados e intimados a depor.
 
O marido de Taís, Lázaro Ramos, que comemorou o aniversário de 37 anos ontem, foi breve ao falar sobre o que aconteceu:
 
- Estou almoçando com minha família. Não gasto tempo com racismo.
Muitas ofensas foram deletadas pelos autores. Mas a manobra não basta, como diz o advogado especialista em crimes digitais David Rechulski.
 
- Algumas pessoas têm a ilusão de que o mundo virtual não deixa rastros. Mas é possível rastreá-lo de maneira concreta. Mesmo que a pessoa não se identifique, todo computador tem uma espécie de identidade digital, o IP, que fica cadastrado quando você usa o provedor para acessar a internet - explica David, acrescentando que os crimes digitais têm as mesmas penas dos praticados fora das redes.
 
O crime de injúria está previsto no artigo 140 do Código Penal e consiste em ofender a dignidade de alguém "na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião , origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência". A pena pode chegar a três anos de reclusão.
 
Presidente da Comissão da Igualdade Racial da OAB/RJ, Marcelo Dias - que viu sua filha envolvida em um episódio de racismo - destaca, no entanto, que punições brandas colaboram para que esse tipo de problema se repita. "A pessoa condenada por injúria muitas vezes paga cestas básicas ou faz trabalho comunitário. Isso não intimida o racista. Nós, da Comissão, nos colocamos à disposição de Taís Araújo".
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