28/06/2016 - 16:18 | última atualização em 04/07/2016 - 15:21

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Comissão da OAB/RJ cria programa para combate a esporotricose

redação da Tribuna do Advogado

Foto: Bruno Marins   |   Clique para ampliar
Frente ao surto de esporotricose, micose provocada pelo fungo da espécie Sporothrix schenckii que afeta principalmente gatos, mas que pode contaminar também humanos e outros animais, a Comissão de Proteção e Defesa dos Animais (CPDA) da OAB/RJ organizou um seminário com veterinários e técnicos para esclarecer a real causa da doença e combater o abate, abandono e maus tratos de felinos a partir da associação comumente feita de que eles são os responsáveis por sua disseminação.
 
“Importante frisarmos que a culpa não é do gato. É do nosso poder público, que não implanta medidas preventivas nem para animais, nem para humanos, no que diz respeito a essa doença”, acredita o presidente da comissão, Reynaldo Velloso.
 
Presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária, Cícero Pitombo afirmou que foi criado um grupo de trabalho há dois meses para tratar da questão, já que considera que alguns municípios do Rio de Janeiro vivem uma epidemia. “Nós temos que sensibilizar as autoridades através da própria sociedade, porque do jeito que está, a sociedade está totalmente desprotegida, não só em relação à esporotricose, mas às zoonoses, no geral”.
 
Segundo ele, é preocupante a falta de amparo legal para a situação dos ditos “animais de companhia”, que não são abraçados por nenhum ministério do Governo Federal: “Os animais de produção, como boi, cavalo, têm uma legislação especifica do Ministério da Agricultura. Mas quando se fala em animais do lar não há legislação própria, no máximo uma secretaria de defesa dos animais”.
 
A veterinária Rebeka Cury criticou o tratamento dado por parte da mídia à doença, comumente chamada de “a doença do gato”, o que segundo ela, reforça o estigma de que a doença é transmitida pelo animal. “Nós queremos proteger tanto os gatos quanto os seres humanos. Temos que esclarecer que a doença tem cura clínica e que com uma política de conscientização conseguimos reverter esse surto”.
 
No fim do evento, a comissão divulgou um programa de combate à doença, a Agenda Esporotricose, com recomendações aos órgãos estaduais. Entre elas estão a ampliação dos serviços de diagnóstico e tratamento por parte do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ); a inclusão de orientações sobre guarda responsável e prevenção de zoonoses no Programa de Saúde na Escola(PSE); a autorização para veterinários de abrigos atuarem junto aos órgãos fornecedores de remédios afim de agilizar as doações de medicamentos; auxílio jurídico e técnico para a regulamentação de ONGs e abrigos; e a inclusão de veterinários no programa de atendimento domiciliar dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF).
 
A Agenda Esporotricose também estará aberta a sugestões de mais ações, que podem ser enviadas até sexta-feira, dia 30, para o email da comissão: [email protected].
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