Três perseguidos políticos tiveram ontem seus pedidos de indenização aprovados em reunião da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. Daniel Carvalho de Souza, filho do sociólogo Herbert de Souza, o Betinho; Maria Celia Lunderg, militante da ALN (Aliança Libertadora Nacional) presa e torturada em 1971; e Maria Cristina da Costa Lyra, ligada ao movimento estudantil e presa em 1970, foram os beneficiados. A decisão foi tomada durante a 62ª edição das Caravanas da Anistia. O movimento é uma iniciativa do Ministério da Justiça que percorre o país julgando pedidos de indenização apresentados por perseguidos políticos no regime militar no país (1964-1985). A reunião foi realizada no Armazém 6 do Cais do Porto do Rio, sede da mostra de cinema que ocorre na cidade. Depois da audiência, foi exibido no local o filme "Eu me lembro", um documentário sobre perseguidos políticos que saem em busca de reparação pelos danos sofridos pela ação da repressão. "Estamos aqui para tentar reduzir a série de injustiças históricas deste pais", afirmou o presidente da Comissão da Anistia, Paulo Abrão. "Mas é preciso lembrar que violações aos direitos humanos, torturas e perseguições políticas ainda acontecem", completou ele. Reparação Por unanimidade, foi decidido o pagamento retroativo de uma indenização no valor de R$ 335.331 e vencimentos mensais que variam de R$ 1 mil a R$ 3 mil para cada um dos requerentes. Daniel Carvalho de Souza, 47, foi levado para Cuba com o pai e a mãe, Irles, aos três anos. Ele voltou ao Brasil em 1969 e até os cinco anos usava o nome falso de Mariano, prática comum na época. Morou no Chile e na Suécia e só voltou ao Brasil após a implementação da anistia no país, em 1979. "A gente ficava no exílio aguardando qualquer música do Chico Buarque, qualquer feijão para lembrar do Brasil", relatou Souza ontem, no evento.