09/11/2016 - 16:23 | última atualização em 09/11/2016 - 16:39

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Combate à corrupção no Brasil e na Itália em debate na OAB/RJ

redação da Tribuna do Advogado

Foto: Lula Aparício   |   Clique para ampliar
Muitos juristas comparam as operações Lava-jato (Brasil) e Mãos limpas (Itália) – o próprio juiz Sérgio Moro já fez publicamente essa correlação através de redes sociais. Os aspectos técnicos de ambas foram o tema da palestra Lava-jato x Mãos limpas: paralelo entre Brasil e Itália no combate à corrupção, realizada pela Comissão de Relações Internacionais (CRI) da OAB/RJ nesta terça-feira, dia 8. O evento foi transmitido pelo canal da Seccional no YouTube.
 
O presidente da CRI, Bruno Barata, lembrou que a Lava-jato tem inspirações na operação italiana. “Esse debate sobre o combate à corrupção é fundamental para a OAB/RJ. É uma questão também de educação, mas para resultado a muito longo prazo, décadas. O ponto fundamental são as próximas gerações”, afirmou ele, na abertura.
 
O advogado criminalista e conselheiro da OAB/SP Roberto Delmanto Junior considerou que há semelhanças consistentes entre as iniciativas. “A Lava-jato está presente em diversas instâncias do Judiciário, e tem uma comunicação com a mídia muito forte. Agora, vai atingir os menores, como na Itália? Aí é outra história. Por enquanto, está atingindo os menores. Hoje, aposto minhas fichas, se a coisa continuar como está, que nós teremos a cassação da chapa Dilma-Temer, e uma eleição indireta no ano que vem”, declarou.
 
O jornalista italiano Emiliano Guanella, que entrevistou os principais personagens envolvidos nas investigações, fez um resumo da Mani pulite. “Outro nome é Tangentopoli, porque em italiano a palavra tangente também quer dizer propina, ou seja, é a cidade da propina, em referência a Milão, onde a operação começou. Esta não foi apenas a operação judicial mais importante da Itália, mas também demarcou a linha de fronteira entre a primeira e a Segunda República”, disse. Guanella apresentou os números mais significativos. “Foram 25.400 intimações, 4.525 pessoas presas, 1.300 condenados, sendo que 43 pessoas cometeram suicídio, seja na cadeia ou mesmo antes de serem investigadas”, revelou.
 
A Operação Mãos limpas (1992-1996), em italiano Mani pulite, é considerada uma das maiores iniciativas anticorrupção da Europa. Liderada pelo procurador da República Antonio Di Pietro e pelo juiz Giovanni Falcone (morto em atentado pelo crime organizado, em 1992), determinou o fim da chamada Primeira República Italiana (1948-1994), inclusive com a extinção da Democracia Cristã (DC) e do Partido Socialista Italiano (PSI), duas entre as principais forças políticas do país até então e implicados nas denúncias. No total, foram investigadas mais de cinco mil pessoas, entre empresários, funcionários públicos e parlamentares.
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