12/09/2016 - 11:04

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Canal no Whatsapp ajuda a combater violência policial

jornal O Dia

Se você nunca presenciou, certamente já viu um vídeo na internet ou conhece alguém que já passou por constrangimentos causados por abuso de poder por parte da polícia. O medo de se identificar leva a vítima ou a própria testemunha a não registrar os casos. A ONG Meu Rio criou o Defezap, um canal de autodefesa do cidadão no Whatsapp, para onde são enviados vídeos denúncias que mostram violência ilegal cometida por agentes do estado, como policiais militares, guardas municipais, policiais civis e agentes das Forças Armadas. Tudo isso sem ser identificado, graças ao recurso da criptografia, usada pelo aplicativo, que restringe o conteúdo da mensagem somente aos interlocutores.
 
Coordenador do Defezap, Guilherme Braga explica que os vídeos recebidos são analisados por uma equipe técnica especializada e é preciso conter elementos mínimos para que possam cobrar uma respostadas autoridades, como data e hora dos registros. A partir daí são elaborados dossiês individuais que são encaminhados para a Polícia Civil, Ministério Público e corregedorias.
 
"Esse procedimento, por exemplo, dá conta de 90% dos casos", avalia. E o trabalho não para por aí. A equipe entrega os dossiês e acompanha caso a caso até o seu desfecho. Atualmente, com quatro meses no ar, o Defezap já recebeu mais de 500 vídeos e tem 47 casos no MP em estágios de andamento diferentes. "O que percebemos é que a população tem uma carência grande de informação sobre a 'coisa pública'. E que o poder público não está acostumado a responder pelos seus próprios erros. E aí que entramos, com a cobrança por resultados", revela Guilherme Braga.
 
O serviço, que também funciona através de um site, trabalha com casos ocorridos somente nos 21 municípios da Região Metropolitana do Rio. Como Duque de Caxias, onde aconteceu a morte de um menor durante incursão da PM na Favela do Lixão. O vídeo foi enviado por uma estudante de História de 25 anos, que preferiu não se identificar.
 
"Já que o estado não faz o seu papel cobrando das autoridades que corrijam essas covardias, o Defezap vem para dar um pouco de esperança pra gente', diz a jovem, que já presenciou desde tapas no rosto até a morte de amigos.
 
A Polícia Militar informou que a Corregedoria Interna da Corporação apura desvios de conduta dos policiais que, quando comprovados, são encaminhados à Promotoria de Justiça Militar. E pede que denúncias de ilegalidades cometidas por PMs sejam encaminhadas para o (21) 2332-2341. No Defezap, o canal para envio das imagens é o (21) 99670-1400 ou pelo site do projeto.
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