A Caixa de Assistência da Advocacia do Estado do Rio de Janeiro (Caarj) vai lançar a Coordenação de Assistência à Igualdade Racial para atender advogados e advogadas negros e negras em suas mais variadas patologias. Segundo dados do Conselho Federal da Ordem, dos mais de 635 mil profissionais que se inscreveram na OAB desde 2011, 170 mil se declaram pardos e 41 mil pretos, o que representa 33% dos inscritos. Para a Caarj, é preciso dar legitimidade às peculiaridades dessa parcela da advocacia e proporcionar tratamentos que levem em consideração os impactos do racismo estrutural em suas vidas. Presidente da Caarj, Marisa Gaudio destaca que essa iniciativa é de extrema importância para atender os desafios que envolvem a pluralidade de advogadas e advogados da Ordem. "A luta pela igualdade é essencial para uma sociedade mais justa e é pauta fundamental para a Caarj. A assistência prestada pela Caixa precisa estar atenta às individualidades e pluralidade da advocacia, por isso a criação desta coordenação é tão importante para conseguirmos atender de forma efetiva as necessidades desses colegas". Uma das primeiras medidas da nova coordenadoria será a inclusão de profissionais de saúde negros dentro da equipe de parceiros do projeto de Auxílio Psicossocial da Caarj. "Ser atendido por um médico negro é ter a certeza de ser acolhido por alguém que conhece o racismo na pele", assegura o coordenador do grupo, Rogério Gomes, ex-secretário-geral da Comissão de Igualdade Racial da OABRJ e ex-superintendente de Igualdade Racial do Governo do Estado do Rio de Janeiro. “Além de proporcionar atendimentos mais acolhedores, essa iniciativa ratifica a posição de vanguarda e pioneirismo do sistema Caarj/OABRJ ao propor paradigmas e avanços que contribuem para avanços na própria sociedade" analisa o coordenador. "Entendemos que esta coordenação não irá resolver os problemas do racismo estrutural em nossa sociedade, mas implementar esse projeto já é um grande passo", disse. Nomeada sub-coordenadora do projeto, Suely Beatriz - que também é presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB/Barra da Tijuca - revela que o grupo tentará contribuir para minimizar os efeitos prejudiciais na assistência e na saúde da advocacia, que muita das vezes são interiorizados pelos colegas. “Essa coordenação vem proporcionar melhorias na política interna de saúde, assistência e equilíbrio emocional. A advocacia negra, infelizmente, é atravessada por uma série de dificuldades. A gente precisa manter esses colegas ativos e com uma capacidade emocional que reverbere no seu desempenho profissional”, disse. O lançamento da Coordenação de Assistência de Igualdade Racial da Caarj se insere no plano de promoção de políticas afirmativas da ONU, que estabeleceu o período de 2015 a 2024 como a Década Internacional dos Afrodescendentes.