28/11/2014 - 14:27 | última atualização em 01/12/2014 - 13:06

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Caarj completa 70 anos preocupada com desigualdades na categoria

redação da Tribuna do Advogado

Os 70 anos de fundação da Caarj, completados nesta quinta-feira, dia 27, foram comemorados com uma reunião de membros da diretoria, funcionários e ex-presidentes da entidade em uma cerimônia que lotou o plenário da OAB/RJ. Na ocasião, também foi inaugurada a exposição Caarj 70 anos, que está aberta ao público no 9º andar da sede da Seccional.
 
 Remuneração  de advogadas mulheres é 73% da remuneração dos advogados homens
 
Só 3% dos advogados entrevistados pelo Censo se declararam negros
Presidente da Caixa, Marcello Oliveira falou sobre os desafios enfrentados e o trabalho social que está sendo implementado nos últimos anos: "O que mais a gente sentia, ao assumir, era a necessidade de focar nossa atenção não no que a Ordem já faz, mas especialmente nos problemas pessoais do advogado. A Caixa tem que concentrar sua atuação da porta do escritório dos advogados para fora, pensando nas questões que podem influenciar em sua atuação profissional, inclusive, como problemas de saúde, financeiros, emocionais", disse ele.
 
Marcello mostrou que o serviço social foi a principal preocupação, mas que, ao longo da gestão já foram possíveis grandes conquistas nas outras áreas: "Pelo eixo Vida, por exemplo, conseguimos vacinar mais de dez mil advogados". Ele destacou também que, para ampliar a área de atuação dos outros eixos, como o Bem-estar e o Cultural, foram firmados convênios: "Como não poderíamos estar em todos os lugares, procuramos parcerias como a com o Sesc, que traz mais estrutura por um preço baixo para os colegas".
 
O presidente da Caixa mostrou ainda o resultado do estudo encomendado ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que filtrou os resultados do Censo de 2010 para os profissionais de advocacia. A intenção era traçar o perfil socioeconômico da classe. Segundo Marcello, a pesquisa mostrou que na parcela de 25% dos advogados mais pobres a renda varia, na faixa de 20 a 34 anos, de R$ 1.500 para, 45 anos depois, R$ 2.500. Já nos 10% mais ricos, vai de R$ 7 mil dos 20 aos 34 anos para, na faixa de 65 anos ou mais, R$ 15 mil.
 
"A Caixa teve sua primeira sessão em 1944 realizada por pessoas que sensibilizavam com a desigualdade e esta pesquisa mostra a questão está longe de ter se esgotado ao longo do tempo, muito pelo contrário", afirmou ele, citando ainda que o estudo aponta que as profissionais mulheres têm uma remuneração de apenas 73% da que os homens recebem, além do fato de só 3% dos advogados entrevistados pelo Censo terem se declarado negros.
 
"É uma demonstração de que a desigualdade está presente na nossa sociedade e entidades como a Caixa de Assistência são muito necessárias nesse sentido", frisou Marcello, apontando também outras áreas de atuação da Caarj. 
 
"A Caixa é um órgão absolutamente essencial à Ordem e não somente por sua atuação social, mas porque, quando há determinados momentos difíceis na vida do advogado, nos quais a OAB precise de algum apoio para suas atividades, ela também se insere. O maior exemplo disso é o OAB Século 21, inaugurado na gestão de Felipe Santa Cruz na Caarj e que até hoje executa a modernização das salas dos advogados no Rio de Janeiro inteiro".
 
Presidente da OAB/RJ de 2007 a 2012, Wadih Damous contou a situação de crise que o grupo encontrou quando assumiu: "Só a dívida do plano de saúde eram números assustadores. E aquilo apontava para caminhos radicais. Foi o momento mais difícil da nossa gestão, quando decretamos a intervenção na Caarj e saneamos o plano de saúde, para que pudéssemos estar aqui, hoje, comemorando os 70 anos. Ou fazíamos isso ou a gestão afundaria", declarou ele, completando:
 
"A Caarj é uma espécie de náufrago que sobreviveu". O presidente da OAB/RJ, Felipe Santa Cruz, que comandou a Caarj de 2010 a 2012 falou mais sobre a reestruturação da Caixa: "Vejo pessoas que não têm a noção exata do tamanho do problema. Acho que não entendem que tudo correu risco de se acabar por uma opção que era um ouro de tolo. Não cabe à Ordem vender remédio, vender produtos. Ela pode ter convênios,  conseguir preço melhor para os seus advogados, mas quando ela vira entidade empresarial ela coloca em risco esse patrimônio nacional que é a Ordem dos Advogados".
 
Felipe citou a luta no Supremo Tribunal Federal (STF) em relação às dívidas tributárias acumuladas nas gestões anteriores: "São dívidas de todo o sistema OAB ligadas a atividades do plano de saúde, na qual a Caarj não pagou tributos por anos", explicou. "A crise nos obrigou a encontrar novos caminhos e o que esta diretoria tem feito é isso: em uma realidade de desafios, tem inovado. A caixa nasceu há 70 anos com o espírito de solidariedade dos advogados para com os advogados. E ela tem que manter isso vivo".
 
A mesa contou com o ex-presidente do Conselho Federal Eduardo Seabra Fagundes; com o presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros, Técio Lins e Silva; com os presidentes das Caixas de Assistência de Sergipe e Minas Gerais, Inácio Krauss e Sergio Murilo Braga, respectivamente; com o presidente da subseção de Niterói, Antônio José Barbosa e com o membro honorário vitalício Cândido de Oliveira Bisneto.
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