02/09/2013 - 18:42 | última atualização em 03/09/2013 - 14:13

COMPARTILHE

'Bom de se Aldir': Rádio OABRJ homenageia Aldir Blanc

redação da Tribuna do Advogado

"Aldir Blanc é uma glória das letras cariocas. Bom de ser ler e de se ouvir, bom de se esbaldar de rir, bom de se Aldir", definiu Chico Buarque no livro Um cara bacana na 19ª, escrito pelo compositor suburbano autor de mais de 450 letras de música, de cerca de 10 livros e que completou 67 anos nesta segunda-feira, dia 2. A Rádio OABRJ homenageia nestas terça e quarta-feira, dias 3 e 4, o compositor.
 
A reverência de Chico em relação a Aldir não é exagerada. Reconhecido por muitos pela parceria de duas décadas com o músico João Bosco - e que rendeu os clássicos O bêbado e a equilibrista, Mestre-sala dos Mares e Dois pra lá, dois pra cá, os três gravados por Elis Regina -, Aldir tem parcerias com inúmeros compositores da música brasileira: de Edu Lobo a Sereno, do grupo Fundo de Quintal, de Djavan ao pouco conhecido Natan. Entre os mais assíduos, além de João Bosco, figuram Sílvio da Silva Júnior, com quem compôs seu primeiro sucesso (Amigo é pra essas coisas), Maurício Tapajós, Guinga, Moacyr Luz e Cristóvão Bastos.
 
Músicas da programação
  • Agnus sei
     
  • Catavento e girassol
     
  • Resposta ao tempo
     
  • Mestre-sala dos mares
     
  • Saudades da Guanabara
     
  • Entre o torresmo e a moela
     
  • Linha de passe
     
  • Bala com bala
     
  • De frente pro crime
     
  • Amigo é pra essas coisas
     
  • Rancho da goiabada
     
  • O bêbado e a equilibrista
 
A veia de cronista voltada muitas vezes para a baixa classe média da Zona Norte do Rio rende comparações com o escritor e dramaturgo Nélson Rodrigues, que também esmiuçava as relações familiares e emocionais de moradores de Grajaú, Tijuca e adjacências. "Há quem não se importe / Mas a Zona Norte / É feito cigana lendo a minha sorte", escreveu Aldir em Só dói quando Rio, com Moacyr Luz. "Meu coração da Abolição / Disse: 'por ele comete / Cena de sangue num bar lá do Baixo Leblon'", comparou em Colcha de retalhos, com Tapajós, fazendo alusão aos versos de Ronda, do paulista Paulo Vanzolin: "Cena de sangue num bar / Na Avenida São João".
 
A relação entre a cidade e seus personagens atinge seu ápice na canção Catavento e Girassol, feita em parceria com Guinga e interpretada por Leila Pinheiro: "Meu catavento tem dentro o vento escancarado do Arpoador / Teu girassol tem de fora o escondido do Engenho de Dentro da flor".
 
A verve humorística, citada por Chico, em geral tem contornos pornográficos - como O coco do coco e O Sandoval está mudado - e não poupa presidentes da República. Itamar Franco foi alvo em O topete e a raspadinha, quando Aldir lembrou o polêmico encontro entre o ex-presidente e a modelo Lilian Ramos na Sapucaí. Em Valquíria, a provocação sutil é com o general João Figueiredo, autor da frase "prefiro cheiro de cavalo do que (sic) cheiro de povo".
 
Com formação incompleta em psiquiatria, o compositor também se debruça sobre questões mais íntimas. É assim em Soneto em blues - "Eu morro dessa dor tão feminina / Que anseia ser regada ou não germina" - e na clássica Resposta ao tempo, gravada por Nana Caymmi.
 
Aldir foi colunista da revista Bundas e do Jornal do Brasil. Hoje é articulista no jornal O Globo. Em 1996, arriscou-se como cantor e gravou o cd Aldir Blanc - 50 Anos. Em 2009, reestabeleceu a parceria com Bosco quase 30 anos depois do rompimento.
 
Na homenagem destas terça e quarta, serão tocadas músicas do compositor ao longo da programação, além de dois blocos com músicas reunidas e uma pequena apresentação sobre o letrista.
 
 
Abrir WhatsApp