Uma quadrilha suspeita de desviar recursos destinados a UPAs e serviços de coleta de lixo de prefeituras do interior começou a ser desbaratada ontem, numa operação da polícia. A investigação, que envolve três organizações sociais - Ibas, Inase e Instituto Cer Brasil - , começou há um ano, após a morte, em Miguel Pereira, de um jornalista que fazia reportagens denunciando fraudes em licitações. Cinco pessoas foram presas, entre elas Eduardo Niebus, ex-secretário de Meio Ambiente de Teresópolis, e Leandro Coutinho da Graça, ex-subsecretário da pasta. Outros detidos são os empresários Paulo Sérgio Nunes Lomenha e Carlos Alexandre Chaves de Paula Torres, além de Mario Luís Sobral. A operação foi realizada pela Polícia Civil, com apoio do Ministério Público estadual. Empresários e lobistas, segundo os investigadores, cooptavam servidores em troca de propinas de valor elevado. Com o esquema montado, havia superfaturamento de serviços e emissão de notas fiscais falsas. O grupo atuava em Sapucaia, São José do Vale do Rio Preto, Teresópolis, Três Rios e Mangaratiba. Numa escuta autorizada pela Justiça, uma ex-funcionária da prefeitura de Teresópolis discute com um lobista a partilha da propina: "A gente não costuma passar de 10%, porque senão fica pesado, a gente vai ter que tirar o couro do povo, não tem condições". Em outra gravação, Antonio Claret, ex-secretário de Saúde de Sapucaia, exige propina de um integrante do bando por ter "arrumado" contratos fraudulentos para o recolhimento de lixo na cidade. Outra fraude teria sido a contratação, sem licitação, da Mendes & Montorsi para a coleta de resíduos sólidos em Teresópolis. A empresa, segundo a denúncia, pagaria propina a servidores responsáveis pela fiscalização do contrato, incluindo Niebus. A ação de ontem mobilizou 250 policiais. Foram recolhidos carros, caminhões e documentos. Além disso, a Justiça decretou o sequestro de bens no valor de cerca de R$ 40 milhões.