18/07/2016 - 13:19

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Atentado leva governo a revisar plano de segurança da Olimpíada

jornal Folha de S. Paulo

Ministro diz que preocupação com evento no Rio, que começa em 20 dias, "subiu de patamar"
Ainda vagas, as novas medidas incluem "mais postos de controle, mais barreiras e algumas restrições de trânsito"
 
O atentado de quinta, dia 14, em Nice, na França, levou o governo brasileiro a anunciar revisão dos procedimentos de segurança e inteligência para os Jogos Olímpicos do Rio.
 
Em entrevista na manhã de sexta, 15, no Palácio do Planalto, o general Sérgio Etchegoyen, ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), afirmou que a preocupação com o evento, cuja abertura é no dia 5 de agosto, "subiu de patamar".
 
Sem dar muitos detalhes, por razões de estratégia de segurança, o general mencionou como novas medidas "mais postos de controle, mais barreiras, algumas restrições de trânsito".
 
Ressaltou ainda que "pode até haver" aumento de tropas militares, "com certeza intensificação" na fiscalização em aeroportos.
 
Citou a hipótese de "afastar o acesso de veículos em alguns eventos". "Por exemplo, se hoje é possível chegar a 50 metros do Maracanã, talvez tenhamos que empurrar para 100 metros", disse.
 
À tarde, o presidente interino, Michel Temer (PMDB), reuniu-se com o general e representantes dos ministérios da Justiça e da Defesa para autorizar a revisão do plano. As medidas devem ser fechadas, segundo o ministro, até o meio da semana que vem.
 
O uso de um caminhão para matar dezenas de pessoas na cidade francesa levou o governo, por exemplo, a ter por foco questões relativas ao trânsito. "Ninguém poderia imaginar que um caminhão fosse usado como arma de destruição em massa", disse.
 
Ele comparou a revisão a uma "auditoria" do plano de segurança. Segundo ele, o objetivo é fazer "auditoria do nosso planejamento para ver se sobra alguma lacuna que tenhamos negligenciado".
O general rebateu a ideia de que possa ter ocorrido falha no planejamento por ter determinado revisão a poucos dias do início da Rio-2016.
 
"Seria uma monumental irresponsabilidade se nós não revisássemos o que estamos fazendo em benefício da segurança. Eu não posso ter a pretensão, a arrogância, de dizer 'não erramos nada, não há nada a verificar e não precisa passar a limpo'", disse.
 
O ministro-chefe do GSI informou que o governo fez um treinamento de "motoristas de táxi, funcionários do Metrô, funcionários de hotéis, restaurantes, vendedores ambulantes, diversas pessoas que lidam com o público em geral" no Rio e em outras cidades que sediarão eventos dos Jogos para que estejam "preparados para identificar situações [de risco], atividades e pessoas com comportamentos anômalos".
 
No Rio, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, também reconheceu que aumentou a preocupação do governo com a segurança dos Jogos após o atentado em Nice.
 
"Nossa resposta será mais controle e segurança, com ampliação dos procedimentos", disse ele nesta sexta, dia 15.
 
Jungmann esteve no voo que saiu de Brasília com 200 militares da Força Aérea Brasileira e da Marinha do Brasil e desembarcou no Rio no início da tarde. Os militares vieram de batalhões de Manaus, Belém e Brasília.
 
A tropa da FAB cuidará dos saguões e entorno do aeroporto internacional do Rio. Os oficiais da Marinha vão monitorar a orla, de São Conrado, na zona sul, a zona portuária do Rio.
 
No Rio, o ministro apresentou duas aeronaves de defesa equipadas com cápsulas para socorrer vítimas de ataques químicos ou biológicos.
 
Chegada aos quartéis
 
A partir de segunda, dia 17, todos os 21.845 militares que irão atuar na Olimpíada já estarão em quartéis do Rio. São militares de unidades de São Paulo, Minas Gerais e do Paraná que se juntam a parte do efetivo no Estado.
 
Na próxima semana, ficarão reconhecendo as áreas onde irão atuar no evento.
 
Uma das atenções está nos 5.500 agentes que estão designados para a área do parque olímpico de Deodoro, na zona oeste do Rio.
 
Além da segurança da área de competições, os militares estarão presentes nas ruas do bairro e em um trecho da avenida Brasil que dá acesso ao local. A região é conhecida pela alta criminalidade e por concentrar as favelas de Chapadão e Pedreira, marcadas pelos roubos de carga.
 
Outro contingente que chama atenção é o destacado para a área de Copacabana, que no planejamento militar inclui a partir da Marina da Glória passando por toda a orla até o Leblon.
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