23/12/2008 - 16:06

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Artigo Wadih Damous: 'Planejamento em falta'

Planejamento em falta


Wadih Damous*

O encerramento de 2008 enseja algumas reflexões sobre o Judiciário. Notícias informam que seu orçamento global chegou aos R$ 26,5 bilhões, dos quais R$ 12,9 bilhões destinados à folha de pagamento dos 92 mil servidores ativos. É muito? É insuficiente? O que se pode dizer, com certeza, é que é preciso utilizar melhor os recursos humanos e financeiros para que a Justiça seja mais eficiente e menos morosa. Resumindo: o Judiciário precisa de planejamento estratégico.

Construir sedes de tribunais suntuosas e imponentes nas capitais não é, certamente, um exemplo de boa aplicação. A precariedade das dependências dos fóruns das cidades do interior reclama mais atenção e tratamento digno.

Também faltam juízes e funcionários nos tribunais, principalmente nas pequenas comarcas. Nesse aspecto, a imprensa precisa ser mais cautelosa ao criticar a abertura de mais concursos públicos. Mas há outra vertente, a da má distribuição do pessoal. Pelo menos no Tribunal de Justiça do estado, o que se vê são gabinetes de desembargadores cheios de funcionários, enquanto cartórios das varas carecem de pessoal.

Outro exemplo de má utilização de dinheiro no estado é o Tribunal Regional do Trabalho (TRT). Ali, a implantação desastrada de um novo sistema de acompanhamento eletrônico dos processos praticamente paralisou o trabalho que deveria acelerar. A situação no TRT é caótica.

É preciso assinalar ainda que o Conselho Nacional de Justiça, criado para exercer o controle externo do Judiciário, temse mostrado essencialmente corporativista, frustrando as expectativas de que contribuiria para moralizar o sistema.

Enfim, há muito a ser feito para que a Justiça chegue, de fato, aos cidadãos que pagam para recebê-la.


*Wadih Damous é presidente da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro

Artigo publicado no jornal O Dia, 23 de dezembro de 2008

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