Pelo fim do impasse Wadih Damous* O Judiciário, o Executivo e o Legislativo do Estado do Rio de Janeiro - sem esquecermos os serventuários em greve - estão em séria dívida com dezenas de milhares de cidadãos que recorreram à Justiça por seus direitos e dela dependem para a solução de problemas que abrangem questões de família, de saúde, patrimoniais e outras. Isso porque, passados mais de 30 dias da paralisação iniciada pelos funcionários, não se vislumbra qualquer perspectiva - muito menos solução - para o impasse. O próprio Conselho Nacional de Justiça, criado para fiscalizar o funcionamento do Judiciário, parece não ter pressa para agir. Acionado há mais de uma semana pela Ordem dos Advogados do Brasil para obrigar o Tribunal de Justiça a suspender os prazos dos processos que estão em tramitação e assim minimizar os prejuízos da greve, demora-se para decidir. O Legislativo, que recebeu em julho o projeto de reajuste salarial de 7,3% para os serventuários, não o põe em votação. Nem o discute, sequer. O Executivo deixou claro o absoluto desinteresse em negociar alternativas à proposta, limitando-se a informar que seus líderes no parlamento estavam muito ocupados tratando da campanha eleitoral. Os serventuários, por sua vez, têm se recusado a atender até as medidas mais urgentes. Agora, terminadas as eleições, é tempo de todos se sentarem à mesa para negociar e pôr fim à greve. Sem mais delongas e intransigências. A OAB/RJ, que tenta intermediar o conflito desde o seu início, continua à disposição, mas cobra providências. Se não houver solução rápida, será a população, além dos advogados, a maior prejudicada com a inércia e a má vontade dos que deveriam zelar pela aplicação da Justiça. *Wadih Damous é presidente da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro Artigo publicado no jornal O Dia, 30 de outubro de 2008