A mídia na campanha Wadih Damous* Investigar, esmiuçar e estampar em seus veículos todos os fatos de interesse público envolvendo os candidatos à próxima eleição é um dever da imprensa, em seu papel de informar a sociedade sobre aqueles que se apresentam para pedir o voto de cada cidadão e exercer, em seu nome, o poder. Informar com o máximo de imparcialidade, de acordo com critérios de interesse e importância jornalística, é o que se espera. Naturalmente, ao destinar maior ou menor espaço para cada matéria, decidir se aquele assunto será manchete ou não terá destaque, cada jornal privilegia ou reduz a importância dos temas em pauta. Até aí, estamos falando de liberdade de expressão, cláusula pétrea da Constituição. O importante é que o noticiário seja equilibrado, e o leitor receba todas as informações pertinentes para formar seu próprio juízo, com liberdade e a garantia de que está lendo rigorosamente o que foi apurado pelos jornalistas, sem distorções. As tendências e preferências das empresas por este ou aquele candidato devem ser expressas nos espaços adequados, os editoriais na página de opinião. Ali está delineado o perfil daquele veículo, com o qual o leitor se identifica, ou não. Da mesma forma, quando lê as análises dos articulistas. Mas, se os sinais forem misturados, e o noticiário virar editorial disfarçado, o leitor suspeitará que não o estão tratando com o devido respeito e desacreditará da informação recebida. É um tremendo risco, capaz de abalar sólidas e honradas reputações, e aqui cabem pelo menos duas perguntas: o que significam as milhares de mensagens que estão sendo postadas nas seções de cartas e no Twitter de grandes jornais, protestando em relação à cobertura da campanha eleitoral? A imprensa está realmente cumprindo seu papel de informar com equilíbrio? *Wadih Damous é presidente da OAB/RJ Artigo publicado no jornal O Dia, 21 de setembro de 2010