A cidadania indignada Wadih Damous* O Supremo Tribunal Federal (STF) deverá julgar esta semana o pedido de intervenção federal no governo do Distrito Federal,onde a anormalidade e o desequilíbrio institucional agoniam a todos-população, partidos, entidades representativas da sociedade-e paralisam a vida política e administrativa da capital. As grossas evidências de corrupção tornadas públicas na operação policial Caixa de Pandora, no lamentável episódio do "Mensalão do DEM", atingiram e enlamearam de tal forma o Executivo e o Legislativo do Distrito Federal que tornou-se muito difícil pensar em alternativas de governabilidade e normalidade institucional que não pela via da intervenção federal. Os males de um esquema corrupto de poder contaminaram a linha de sucessão no governo de Brasília. O saneamento das relações políticas torna inevitável a defesa da intervenção, ainda que dolorosa, do ponto-de vista de todos, como a Ordem dos Advogados do Brasil, que zelam pelo pleno funcionamento das instituições públicas. Justamente por seu papel histórico de defesa dos valores da democracia e da ética na política, a Ordem não poderia deixar de se manifestar. Primeiro, pelo afastamento do governador Arruda - que obviamente tem direito ao amplo processo legal, como qualquer acusado. E agora, pela intervenção.Dos males, acreditamos que este será o menor. Esta mesma OAB que lutou pela redemocratização do País e que pediu o impedimento de um presidente, se faz, mais uma vez, voz da cidadania indignada pelo desprezo e desfaçatez de um esquema corrupto, de muitos tentáculos. Não poderíamos nos omitir. Tampouco agimos unicamente como corporação profissional, o que também somos, com orgulho. Temos um papel institucional a cumprir e dele não abriremos mão. *Wadih Damous é presidente da OAB/RJ Artigo publicado no jornal O Dia, 23 de fevereiro de 2010