12/07/2011 - 16:06

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Após o temporal, a corrupção na Região Serrana

Após o temporal, a corrupção na Região Serrana


Do jornal O Globo

12/07/2011 - Seis meses depois do maior desastre natural ocorrido no país, na Região Serrana do Rio, uma investigação começa a revelar um esquema de corrupção que pode ter operado por trás da tragédia que matou mais de 900 pessoas. O levantamento, que corre em sigilo de Justiça, mostra que um grupo de funcionários públicos e empresários teria acertado o reajuste de propinas para aprovar contratos sem licitação, embolsando verba liberada para desobstruir vias e ajudar desabrigados. Um empreiteiro disse em depoimento ao MPF que o percentual da propina, normalmente de 10%, passou a ser de 50% após a enxurrada.

As investigações começaram com o relato de um empresário ao Ministério Público Federal de Teresópolis, uma das cidades atingidas. Disposto a contar tudo o que sabia em troca de perdão judicial e proteção para sua família, ele recorreu à delação premiada (quando um criminoso faz acordo com a Justiça, ajudando nas investigações) para denunciar o suposto esquema que funcionava na prefeitura e envolveria empresas que atuaram em pelo menos outros três municípios da Serra.

Segundo o depoimento do denunciante, na semana das enxurradas - ocorridas em 12 de janeiro -, empresários e secretários municipais se reuniram num gabinete da prefeitura, administrada até semana passada pelo PT, para dividir os contratos sem licitação e os recursos federais. As verbas investigadas são fruto de repasses feitos ao Estado do Rio pelo Ministério da Integração Nacional, por determinação da presidente Dilma Rousseff.

Três empresas investigadas (RW de Teresópolis Construtora e Consultoria Ltda; Vital Engenharia Ambiental S/A, do grupo Queiroz Galvão; e Terrapleno Terraplanagem e Construção Ltda) seriam as principais beneficiadas. Ainda de acordo com o relato do empresário, a RW e a Vital ficariam encarregadas da retirada de entulho e da desobstrução de ruas. Já a Terrapleno ficaria com a coleta de lixo, com auxílio da Vital, que cuidaria da instalação de um aterro. Uma quarta empresa, a Contern Construções e Comércio, de São Paulo, também teria recebido recursos do município, mas não foi citada pelo empresário.

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