Após denúncias, Wider se afasta por 30 dias de Corregedoria do TJ-RJ Do jornal O Globo 19/11/2009 - O corregedor-geral de Justiça do Rio de Janeiro, desembargador Roberto Wider, pediu ontem licença do cargo por 30 dias. Desde o último dia 8, série de reportagens publicadas pelo GLOBO mostrou as relações do magistrado com o lobista Eduardo Raschkovsky, acusado de cobrar propinas a tabeliães, políticos e empresários em troca de blindagem em processos judiciais. Em nota divulgada pela Assessoria de Comunicação da Corregedoria, Wider afirmou que o objetivo do afastamento é permitir ao Órgão Especial do Tribunal de Justiça "que faça uma completa investigação, livre de qualquer ordem de dificuldade que a minha investidura à frente da CorregedoriaGeral pudesse de algum modo representar". CNJ investiga denúncias contra desembargador A licença, anunciada pelo desembargador durante a sessão de ontem do Órgão Especial, ocorre no momento em que o relacionamento de Wider com Raschkovsky é alvo de dois procedimentos administrativos abertos pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), bem como uma CPI prestes a ser instaurada pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). A sessão de ontem do Órgão, que era pública, tornou-se secreta para que o desembargador pudesse anunciar a decisão. Outros integrantes do Tribunal contaram que Wider tomou a iniciativa antes que o próprio tribunal, debaixo de forte pressão dos tribunais superiores de Brasília, optasse pelo afastamento. Na mesma sessão, o desembargador também anunciou que, ontem mesmo, entrou com queixa-crime no Ministério Público contra os autores da reportagem "pelas notícias difamatórias, por crime de calúnia contra funcionário público em suas funções". A série de reportagens foi embasada em farta documentação - alguns destes papéis já foram mostrados - e depoimentos gravados. Com o afastamento, o Conselho da Magistratura vai criar uma comissão, formada por cinco desembargadores, para investigar o envolvimento do corregedor no caso. O desembargador disse, na nota, que nada teme: "Repudio, uma vez mais, o teor insano e calunioso dessas reportagens com minha máxima veemência e desassombro". O ministro Gilson Dipp, corregedorgeral do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), anunciou ontem que vai ampliar a inspeção iniciada ontem no 15º Ofício de Notas da Capital para o 11º Ofício de Capital e 6º Ofício de São Gonçalo. Os três estão envolvidos em denúncias sobre a ação de Raschkovsky - um contrato obrigava o 15º a repassar mensalmente 14% da renda bruta para o lobista. Depois que o pagamento foi cortado, o cartório sofre uma correição extraordinária. Já o 11º e o 6º (São Gonçalo) tinham como oficiais responsáveis, nomeados em março por Wider, dois advogados do escritório L. Montenegro, administrado por Raschkovsky. Em lugar de Wider na Corregedoria ficará o desembargador Azevedo Pinto, terceiro vicepresidente.