17/11/2009 - 16:06

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Após 37 anos de magistratura, Cavalieri deixa Tribunal de Justiça

Após 37 anos de magistratura, Cavalieri deixa Tribunal de Justiça

 

 

Do Jornal do Brasil

 

17/11/2009 - Flávia Salme Após 37 anos de magistratura, o desembargador Sérgio Cavalieri Filho vai se aposentar compulsoriamente do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ), já que completa 70 anos no próximo dia 20. No exercício da profissão, Cavalieri se orgulha de atuações importantes, como nos 11 anos em que comandou a Vara de Fazenda Pública do estado, período em que aconteceram a fusão do Rio com a Guanabara e o início das obras do metrô. "Foi um momento que ensejou muitas questões complexas".

 

Antes de deixar o TJ, o desembargador se prepara para outra missão: participar, amanhã, da votação da lei das cotas, que pode decidir o futuro de centenas de estudantes que tentam uma vaga na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

 

Ex-pastor da Igreja Adventista do 7º Dia, Cavalieri vai continuar ministrando aulas de direito na Universidade Estácio de Sá. No tempo restante, voltará ao estudo de teologia e filosofia. Quer rever as obras de Friedrich Nietzche, Aristóteles e Emmanuel Kant.

 

Foram quase quatro décadas na magistratura. Quais são as realizações que o senhor destaca desse período?

 

Na vida do magistrado, tudo é importante, exige dedicação e empenho. Mas destaco minha passagem na Vara de Fazenda Pública, onde fiquei 11 anos. Era a época da fusão dos estados e do início das obras do metrô. Ensejou muitas questões complexas.

 

Fui ainda presidente da Alçada Cível. Em 1993, fui promovido a desembargador no Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ). Tive ainda o privilégio de dirigir a Escola de Magistratura por quatro anos e fui presidente do TJ, de 2005 a 2006.

 

 

Como foi comandar a presidência do TJ?

 

Foi um trabalho muito importante. Aumentei a produtividade do tribunal em 41%. Consegui completar a informatização do órgão, que permitiu grandes avanços. A justiça estadual está informatizada, de Paraty a Varre e Sai. Com apoio dos colaboradores, consegui construir e reformar muitos fóruns. Foram 146 mil metros quadrados de obras como a lâmina 3, onde funcionam as câmaras cíveis. Também aprovamos a lei do juiz leigo nos juizados especiais cíveis. Dediquei muito empenho ao cargo.

 

 

Ao longo da carreira, quais foram as transformações que mais marcaram o senhor?

 

Há 38 anos, não tínhamos, sequer, uma máquina de escrever. Comprei uma elétrica, que guardo em casa como relíquia. Na época, quem datilografava minhas sentenças era a Jóia, minha mulher. As audiências eram feitas com fichas em papéis, o andamento do processo contava com a memória dos escreventes. A informatização foi um grande passo. E a internet também, ajuda na transparência.

 

 

Além da gestão, o senhor destaca mudanças sociais?

 

Sim. Antigamente, falar em filho bastardo ou concubina era quase um palavrão. Hoje, a Justiça contempla os exames de investigação de paternidade e inúmeros outros direitos. Mas, na minha avaliação, o Código Penal precisa ser revisto. É mais favorável ao réu do que à vítima.

 

 

Perfil Sérgio Cavalieri Filho

 

Nasceu no Rio, em 20 de Novembro de 1939.

 

Formado pela UFRJ, é desembargador e ex-presidente do Tribunal de Justiça do Rio. Foi diretor, por quatro anos, da Escola de Magistratura. Há 38 anos é professor da Universidade Estácio de Sá.

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