Após 127 dias, chega ao fim greve do Judiciário em SP Da Folha de S. Paulo 02/09/2010 - A greve dos servidores do Judiciário paulista, que durava 127 dias, chegou ao fim. Na capital e na Grande São Paulo, o trabalho recomeça hoje. No interior, amanhã. A decisão foi tomada depois de o Tribunal de Justiça de São Paulo ter se comprometido a conceder uma reposição de 4,77% até janeiro de 2011 e a continuar negociando novos índices. O dinheiro deverá vir do governo estadual por meio de verbas suplementares. Por ora, o aumento não será retroativo a março, como queriam os grevistas, mas o presidente da comissão de negociação salarial do TJ, desembargador Antonio Carlos Malheiros, afirma que a correção poderá ocorrer, dependendo de nova verba. O índice que os grevistas pediam desde o início da greve, em 28 de abril -não como reajuste, mas como reposição-, era de 20,16%. O TJ também se comprometeu a devolver o dinheiro que foi descontado nos últimos dois meses -cerca de 30% do salário e de auxílio-transporte e alimentação vinham sendo abatidos do holerite dos grevistas. Os servidores compensarão as horas em que estiveram parados por meio de mutirões, utilização de banco de horas, licença-prêmio ou créditos de férias atrasadas. "Não dá pra dizer que foi bom. O acordo foi razoável. Acho que saímos de cabeça erguida", disse José Gozze, presidente da Assetj (associação dos servidores do Judiciário paulista). Segundo a OAB-SP, por causa da greve, houve um atraso de um ano e meio nos processos, sendo que 300 mil deles ficaram represados. Além disso, 100 mil audiências deixaram de ser realizadas e 280 mil sentenças ficaram sem proferimento. Orçamento O TJ pediu, em proposta orçamentária enviada ao governo, R$ 12,2 bilhões para 2011. O pedido para 2010 foi de R$ 7,1 bi, mas o valor aprovado pela Assembleia Legislativa foi de R$ 5,1 bi. O aumento de quase 72% no pedido é uma tentativa de evitar outras greves por salário. Durante todo o período da paralisação, o TJ disse não dispor de verbas suplementares do Executivo. O tribunal não tem autonomia financeira e alega depender do governo para conceder aumentos. "A falta de autonomia pesa muito", afirma Malheiros.