18/07/2016 - 10:36 | última atualização em 18/07/2016 - 14:32

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Advogado fica ferido ao abrir carta-bomba em Goiânia

jornal Extra e redação da Tribuna do Advogado

O advogado Walmir Oliveira da Cunha perdeu três dedos das mãos ao abrir uma carta-bomba em seu escritório em Goiânia, na última sexta-feira. Em nota, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) considerou a agressão uma “afronta direta à democracia brasileira”.

A carta foi enviada em nome do advogado. A motivação do crime ainda está sendo investigada pela polícia goiana. O presidente nacional da OAB, Claudio Lamachia, disse que a entidade não admite que advogados sofram qualquer tipo de represália ou constrangimento no exercício da profissão. “Não existe Estado Democrático de Direito sem uma advocacia forte, capaz de fazer valer os direitos e garantias dos cidadãos”, afirmou, em nota. A OAB de Goiás criou uma comissão especial para acompanhar o inquérito.

A entidade citou ainda outros registros recentes de violações das prerrogativas profissionais da categoria no Brasil, como a morte, em maio, de um advogado de Florianópolis. Ele havia sido chamado para ajudar em uma suposta reintegração de posse e foi assassinado por policiais militares. Cinco suspeitos foram presos.
 
OAB/RJ
 
O presidente da OAB/RJ, Felipe Santa Cruz, declarou estar estarrecido com a notícia. “Estarrecimento. Esse é o sentimento que nos permeia a todos, diante da onda de violência e brutalidade que se abate sobre a advocacia. De um lado, as ameaças que vêm daqueles que não aceitam o papel da advocacia na defesa das liberdades públicas e das garantias constitucionais a todos asseguradas. Doutro lado, a violência pura e brutal, materializada nos atentados contra a integridade física dos advogados e advogadas brasileiras, do qual o ataque a bomba contra o advogado goiano Walmir de Oliveira da Cunha, é o mais recente episódio", disse. 
 
Felipe lembrou, ainda, o episódio ocorrido no Rio de Janeiro durante o regime militar, quando a explosão de uma carta-bomba destinada ao então presidente do Conselho Federal, Eduardo Seabra Fagundes, matou a secretária da Ordem Lyda Monteiro. "Se durante a ditadura uma outra bomba não nos intimidou, também agora não nos deixaremos submeter, seja à violência física, seja em face da violência constitucional, aquela que parte dos que não compreendem o fundamental papel da advocacia na defesa das liberdades, e tenta promover a criminalização indevida e ilegal de nossa profissão", afirmou Felipe. 
 
Para ele, o momento é de cobrar das autoridades a apuração dos fatos. "Nos solidarizamos com a advocacia goiana, exigindo das autoridades incumbidas da segurança pública a apuração de todos os atos de violência física contra os advogados. O Conselho Federal e o Colégio de Presidentes da OAB reafirmam seu compromisso com a defesa da advocacia e da liberdade, repelindo toda e qualquer afronta ao advogados e advogadas brasileiras", finalizou. 
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