12/12/2019 - 14:51 | última atualização em 12/12/2019 - 15:43

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Em ação no TRT e no TJ, Diretoria de Mulheres identifica desconhecimento das prerrogativas e necessidade de recorte racial

Nádia Mendes

Uma comitiva composta por integrantes da Diretoria de Mulheres e da OAB Mulher da Seccional esteve na manhã desta quinta-feira, dia 12, na sede da Rua da Lavradio do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (TRT/RJ) e no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ) para ouvir demandas da advocacia feminina que milita diariamente nestes fóruns. A ação faz parte da Semana da Mulher Advogada e está acontecendo em todos os fóruns do estado desde a segunda, dia 9, e vai até amanhã, dia 13. 

As integrantes da comitiva abordaram colegas com um questionário que trazia questões aparentemente simples, sobre assédio, conhecimento sobre a Lei Júlia Matos e relacionadas às prerrogativas profissionais. No entanto, ainda puderam ser observadas algumas dúvidas e dificuldades por parte das advogadas, principalmente em relação às prerrogativas específicas de gênero.

Segundo a diretora de Mulheres, Marisa Gaudio, o objetivo principal da ação foi colher in loco as principais dificuldades e sugestões das mulheres advogadas para, assim, pensar em projetos. E a ação já gerou frutos. A partir da conversa com advogadas negras, foi estabelecido que já em 2020 a diretoria organizará um questionário com recorte racial

"Ouvimos algumas colegas negras dizendo o quanto precisam provar sua competência de forma mais firme, já que são frequentemente questionadas. Tivemos um caso recente em que perguntaram a uma colega se ela realmente era advogada, mesmo ela apresentando a carteira. A partir dessa pesquisa com recorte racial, vamos mapear os principais problemas e formar um plano de ação", adiantou Marisa, que também preside a OAB Mulher.

Em frente ao TRT/RJ, aguardando o ônibus que faz o trajeto entre o tribunal e a sede da Seccional, a comitiva conversou com a advogada Jackeline Oliveira, de 29 anos. Ela acredita que apesar de a sociedade já ter avançado um pouco em relação às pautas de gênero, ainda existe muito desrespeito e assédio. Ela também criticou a dificuldade das mulheres ascenderem dentro dos escritórios, pauta frequentemente abordada pela Diretoria de Mulheres. "Nos escritórios, os cargos de hierarquia mais alta ainda são preenchidos por homens e o nosso crescimento profissional acaba sendo barrado, principalmente quando as mulheres retornam da licença maternidade. É muito importante que a OAB esteja presente para ouvir estes e outros problemas dos advogados", disse.

A colega Stephanie Rosa estava em frente ao TJ quando foi abordada pela comitiva da Diretoria de Mulheres. Apesar de dizer que não tinha passado por nenhum problema, quando questionada se ela já tinha sido impedida de despachar com o juiz, a colega disse que sim. Foi informada, que isso é, também, uma violação de prerrogativas. "Esse comportamento acaba sendo normal aqui no fórum. Por isso, é muito importante que a OAB esteja hoje aqui construindo esse contato com os advogados", afirmou, elogiando a ação. 

Integraram a comitiva a vice-presidente da OAB Mulher, Rebeca Servaes; a coordenadora do GT de Prerrogativas da comissão, Fernanda Mata; a coordenadora do GT Mulheres Negras, Flávia Monteiro; a coordenadora do GT de Saúde, Cinthia Polliane; e as membros da comissão Pamela Brito e Jaqueline Rodrigues. 

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