Márcia Regina Spinola Tourinho

16/10/1960 - 10/01/2021

Participativa e militante, respirou Direito. Não faltaram relatos consternados nos grupos de mensagem da advocacia diante de sua partida. Para a sócia, Claudia, era “fortaleza”, "base", "chão"

“Fui trabalhar com Márcia em 1995, como estagiária, respondendo a um anúncio de jornal. Ela estava na reta final de uma das gestações e precisava de ajuda. Nós nos entrosamos e seguimos a parceria. 

A empresa familiar ligada ao ramo imobiliário onde trabalhávamos, que pertencia ao pai dela, Humberto Tourinho, fechou após o falecimento dele. Nós duas montamos, então, um escritório com foco em Previdenciário e Cível. Passamos por muita coisa juntas. Márcia era a fortaleza de todo mundo, era muito forte, muito inteligente, muito amiga. Era a minha base. Deixou um casal de filhos, de 27 e 24 anos, Patrícia e Luiz Antônio.  

Muitos nos confundiam, trocavam nossos nomes, já que éramos parecidas fisicamente. Onde ela estava, eu estava e vice-versa. Compartilhávamos tudo. Alegrias e problemas de família, dúvidas, anseios, tristezas. Era uma amiga com quem eu compartilhava a vida, enfim. 

Ela pegou Covid-19 no hospital, quando foi tratar um outro problema de saúde, e seu quadro foi se deteriorando.

Quando os consultei, os filhos dela gostaram da ideia desta homenagem no Memorial da OABRJ, afinal, a mãe deles respirou Direito a vida toda. Formou-se na Universidade Gama Filho e amava a advocacia. Era do tipo que batia no peito de orgulho pela profissão. Nesta pandemia, alguns colegas relataram nos grupos de WhatsApp o desencanto com a carreira e a vontade de abandoná-la. Algo impensável para ela. “Nasci para o Direito e o Direito vive em mim”, repetia.

Está emocionante acompanhar, sobretudo no grupo do Movimento Advogados Unidos (MAU), os relatos consternados. Márcia era muito participativa, queria ajudar todo mundo. Era muito militante. Adorava reunir-se com as amigas do grupo que a gente chama de “sem censura” para almoçar e bater papo. Estamos todos absolutamente sem chão.

Depoimento da sócia, Claudia Vasconcelos, à jornalista Clara Passi

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