17/05/2024 - 18:52 | última atualização em 17/05/2024 - 19:40

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Advogado monitorado pela Polícia Militar no Jacarezinho é recebido na OABRJ

CDHAJ implementará medidas de apoio a Joel Luiz da Costa

Felipe Benjamin





O advogado Joel Luiz da Costa, cuja atuação ligada a movimentos de defesa dos direitos humanos foi monitorada pelo setor de inteligência da Polícia Militar e apresentada num relatório elaborado pela Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio, foi recebido, na tarde de sexta-feira, 17, por integrantes da Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária (CDHAJ) da OABRJ. 

Joel esteve acompanhado do advogado Djeff Amadeus e foi recebido pelo presidente da CDHAJ, José Agripino. Participaram, ainda, o coordenador da comissão, Paulo Castro; o procurador Paul Henrique Lima e o advogado Luiz Henrique de Oliveira. 

Assim que a notícia do monitoramento veio à tona, na quinta-feira, dia 16, a OABRJ (por meio da CDHAJ e da Comissão de Prerrogativas) oficiou à Polícia Militar e à Secretaria de Segurança Pública do estado pedindo explicações e emitiu uma nota de repúdio. Agripino afirmou que seguirá apoiando o advogado.

"Estamos aqui para acolher o Joel e colocar o trabalho da comissão à disposição", afirmou Agripino. 


"Este é um caso que não pode ficar restrito às palavras de apoio e aos envios de ofício, vamos implementar atos concretos para preservá-lo. Conhecemos a história séria e combativa do Joel, que é um advogado que tem  grande representatividade. Não foi só um ataque a um advogado, mas a um advogado que é ativista de direitos humanos".



Costa foi apontado no relatório da PM como advogado da quadrilha que comanda o narcotráfico na comunidade, o que o colega nega. No encontro com os representantes da Seccional, o advogado afirmou já ter recebido ameaças de morte após a chacina do Jacarezinho, em 2021, e expressou preocupação ao ver seu nome vinculado ao da facção criminosa.

"Milito na Coalizão Negra há quatro anos e, após a chacina do Jacarezinho, meu trabalho ganhou uma dimensão maior. Passei a receber ameaças de morte e me mudei da comunidade, mas ainda tenho familiares no local e atuo em grupos de defesas dos direitos humanos e da população negra", contou Costa. 


"Estranhamente, sou o único advogado citado no relatório e fui apontado como o advogado da quadrilha, com a qual não tenho qualquer ligação. A questão aqui não é ser advogado ou não de alguém, e, sim, uma perseguição política ao meu trabalho. O que aconteceu foi um monitoramento de minha atuação e uma tentativa de tentar criminalizá-la,  fazendo associações como seu fosse o braço jurídico de uma organização criminosa".

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